Ela
sempre fora sonhadora.
Desde
menina ela sempre imaginava como seria sua vida quando adulta, claro que a vida
é sempre mais dura, instável e bem menos florida que a imaginação daquela
garotinha.
Porem
nunca teve do que se queixar em relação à vida, sempre teve os garotos que
queria, vivia rodeada de amigos, sempre foi muito popular na escola. Era
convidada para festas, reunião de amigas, ficava ate altas horas da noite
confabulando com as amigas como seria a vida de cada um delas...
Ela
cresceu, teve seu primeiro namorado, a primeira noite fora de casa, o primeiro
porre, a primeira balada, a primeira briga, foram tantas primeiras vezes nessa
fase chamada adolescência.
A
época da escola acabou ela se viu obrigada a ter maiores responsabilidades, arrumou
seu primeiro emprego, teve que decidir qual seria a carreira que gostaria de
escolher, sua vida estava bastante mudada, já não tinha por perto todos os
amigos que gostaria, mas nunca estava sozinha.
Chegou
à hora de um grande passo, ela entrou na faculdade! O temido primeiro dia...
Sem conhecer ninguém ela foi, e como sempre em sua vida fez muitas amizades,
conheceu pessoas diferentes, sua vida ganhou bastante movimento nessa época.
Saia
quase todos os finais de semana, curtia e se divertia muito. Sentia vontade de
ter alguém nesse momento, mas não queria abrir mão da nova vida que estava
tendo.
E
assim passou-se 04 anos, ela agora imaginava como seria sua vida profissional,
imaginava realizar seus sonhos, ter uma vida instável, poder correr atrás de
coisas que pareciam longe e bastante distantes há algum tempo atrás.
O
tempo foi passando, ela notava a dificuldade de conseguir alcançar seus sonhos,
sentia medo porem ainda era nova teria tempo para correr atrás e realizar todos
os seus sonhos.
O
dinheiro investido em sua faculdade de certa forma foi jogado fora, ela não
conseguia emprego na sua área, isso a deixava muito triste.
Como
a regra da vida é continuar tentando, ela foi trabalhar fora da área, conheceu
pessoas novas, mas no fundo sentia a necessidade de ter alguém para dividir
seus problemas, sonhos, presente e quem sabe o futuro. Estava desacreditada,
achava que não conseguiria mais realizar seus sonhos, afinal já estava com 26
anos, em seus sonhos de infância nessa idade já estaria com a vida “resolvida”.
Como
em um passe de magica ela conheceu um rapaz, chegou de mansinho e foi ganhando
espaço em seus dias, pensamentos e no coração.
Como
em todo começo de namoro tudo era lindo, funcionava muito bem.
Feliz
ao seu lado ela foi se afastando da vida que tinha, se afastou dos amigos e ate
mesmo da família, estar ao lado dele lhe bastava.
Após
algum tempo as coisas foram mudando, ela não tinha nada pra reclamar, ele era
carinhoso, atencioso... Porem ela notava que faltava interesse da parte dele,
não gostava de trabalhar, sempre arrumava uma desculpa quando surgia
oportunidade de emprego.
Ela
o amava, não achava que fosse um problema tão grande assim, ela trabalhava e
poderia ir “ajudando”, ate que ele realmente se interessasse por algum emprego.
O
tempo ia passando e a vida dos dois continuava a mesma, nada de sair, nada de
viajar, nada de presentes em datas comemorativas, afinal de contas ela não
ganhava tão bem assim para sustentar a vida social do casal.
Como
não ganhava o salario de seus sonhos tinha de ter tudo muito bem controlado no
mês, só assim para conseguir manter o mínimo de conforto do casal. Mas o
dinheiro de uma hora para outra estava ficando cada vez mais curto. Passava no
banco, quando chegava em casa, cadê o dinheiro?
As
mentiras foram chegando juntamente com o aniversario de namoro. Mas ainda assim
ele era o homem mais romântico e carinhoso que ela já conhecera.
A
família dela já havia percebido, já não o aceitavam como antes. Como diz no
velho ditado: MENTIRA TEM PERNAS CURTAS, e aos poucos ela foi descobrindo suas
mentiras, às vezes em que ele sutilmente lhe tirava dinheiro da carteira, as
bebedeiras...
Por
mais amor que ela pudesse ter por ele, não era esse o homem que ela gostaria de
ter como referencia a seus futuros filhos. Após muitas noites de sono perdida
ela resolveu que daria um basta naquele relacionamento. Sabia que sofreria
muito longe dele, mas sabia também que um dia passaria. Decidida ela lhe
explicou os motivos pelo qual estava terminado a relação, ele notavelmente
abatido parecia ter entendido e aceitado o fim do namoro.
Ele
a procurou para tentar uma ultima conversa, ela deixou claro que não teria mais
volta, ele a agrediu.
Naquele
dia todos os sonhos que aquela menina mulher levava em seu coração foram
quebrados.
A
família a acolheu e cuidou para que as cicatrizes externas e internas fossem
curadas.
Mais
uma vez como norma da vida, ela recomeçou. Entrou em um novo emprego, aos
poucos foi superando o medo que sentia a cada barulhinho que escutava, ela
tinha muito medo de encontra-lo novamente, ela conheceu novas pessoas, foi
dando rumo novamente a sua vida.
Não,
ela não tinha intenção nenhuma de se relacionar com outra pessoa, aparentemente
ela estava bem e havia superado essa fase de sua vida. Mas ficou mais de 01 ano
sem sentir ao menos vontade de beijar um homem novamente.
As
feriadas haviam cicatrizado, mas deixaram marcas profundas.
Ela
se sentia mais sozinha a cada dia que passava, estava acostumada com a presença
dele, mesmo com todo mal que lhe causou ela ainda o amava. Havia se afastado
dos amigos.
Sua
rotina começou a ser do serviço para casa, da casa para o serviço. Não saia,
não se divertia. Não que lhe faltasse vontade, mas estava sozinha.
Depois
de quase 01 e meio ela voltou a se interessar por alguém, trabalhavam juntos.
A
família já assustada com tudo que ela já havia passado, logo de cara reprovou o
relacionamento.
Não!
A família não estava errada, ele era um homem casado, pai de dois filhos.
No
começo ela estava se divertindo, mas não era essa a vida que ela havia
imaginado. Após tudo que viveu ela queria carinho, romance, cuidado... Nesse
relacionamento ela não encontraria nada disso. Sabendo disse, mais uma vez ela
terminou.
Agora
com 28 anos seus finais de semana são de pijama em sua cama, vendo tv ate de
madrugada. Não sai, não tem amigos, ela acha triste sair para jantar sozinha,
ir ao cinema sozinha.
Então
como companheira ela adotou a solidão.
E
hoje nesse dia dos namorados ela sente um imenso vazio dentro de si, mas ainda
assim tem esperança que a vida lhe de oportunidade de recomeçar de novo e quem
sabe um dia chegar perto da vida que aquela garotinha havia imaginado, ela não
espera muito da vida... ela quer apenas ser feliz!